Nessa semana, começaram a circular vídeos nas redes sociais de uma brincadeira conhecida como “Desafio da Rasteira”, “Quebra-crânio” ou “Roleta humana”. Nos vídeos, três pessoas se posicionam lado a lado. Quando o do meio pula, os dois das pontas colocam o pé para derrubar o colega. Essa queda pode desencadear hematomas, dentes ou membros quebrados e até tetraplegia e traumatismo craniano. 

Um dos vídeos que viralizou na internet mostra três meninos uniformizados no colégio Santo Tomás Aquino, em Caracas, na Venezuela. Por conta da repercussão, a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia divulgou um comunicado alertando para os perigos dessa brincadeira. Eles listaram questões como fraturas e prejuízos ao desenvolvimento cognitivo. “Esta queda pode provocar lesões irreversíveis ao crânio e encéfalo (Traumatismo Cranioencefálico – TCE), além de danos à coluna vertebral. Como resultado, a vítima pode ter seu desempenho cognitivo afetado, fraturar diversas vértebras, ter prejuízo aos movimentos do corpo e, em casos mais graves, ir a óbito”, afirma a nota.

O chefe da pediatria do Hospital Moinhos de Vento, João Ronaldo Krauzer, alerta para os perigos de um trauma não valorizado. Em casos de sangramento intracraniano, por exemplo, a pessoa pode levar um bom tempo para apresentar sintomas. “Em casos de acidentes, costuma-se cuidar para que a vítima não durma. Nesse tipo de ‘brincadeira’, geralmente não se toma os mesmo cuidados”, considera. 

O Youtuber Robson Calabianqui, conhecido como Fuinha, foi um dos primeiros a divulgar sua versão da “brincadeira”. No vídeo, postado na rede social Tik Tok, ele derruba a própria mãe. Após a repercussão negativa, ele usou seu Instagram para se desculpar: “Eu poderia ter perdido minha mãe por causa desta brincadeira. Ela poderia ter batido a cabeça e sofrido um traumatismo craniano ou qualquer uma outra lesão irreversível para a vida dela”.

Nem sempre a cabeça é a única parte do corpo a receber o impacto. A queda pode ocasionar uma fratura supracondiliana do úmero, lesão que costuma exigir cirurgia, ou luxações na coluna vertebral. “Existem muitas coisas envolvidas para chamar isso de brincadeira”, comenta o pediatra. 

Como falar com meu filho?

A maior parte dos vídeos divulgados mostra a situação acontecendo no ambiente escolar. Para evitar que os filhos se envolvam, os pais devem manter um diálogo aberto. “Devem alertá-los para as consequências dessa ‘brincadeira’ através de uma conversa aberta e honesta. Isso não pode ser feito apenas uma vez. Educar é um trabalho de repetição”, aconselha o pediatra.

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