Agência Brasil

Metade dos brasileiros sobrevive com apenas R$ 438 mensais, ou seja, quase 105 milhões de pessoas têm menos de R$ 15 por dia para satisfazer todas as suas necessidades básicas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados são referentes à renda média real domiciliar per capita de 2019, apurada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: Rendimento de todas as fontes 2019.

Os 10% mais pobres, o equivalente a 20,95 milhões de pessoas, sobreviviam com apenas R$ 112 por mês, ou R$ 3,73 por dia. Em relação a 2018, houve uma elevação de 0,9% na renda média dessa parcela da população, mas que em termos reais permanece inexpressiva: apenas R$ 1 real a mais.

Por outro lado, no extrato mais rico, apenas 1% dos brasileiros mais abastados vivia com R$ 17.373 mensais, o que significou um aumento de renda de 2,7% para essa população que somava pouco mais de dois milhões de pessoas.

Apesar da disparidade de renda e concentração de riqueza ainda aguda, houve ligeira redução na desigualdade no País.

O Índice de Gini – indicador que mede a desigualdade numa escala de 0 a 1, sendo maior a concentração de renda quanto mais próximo de 1 for o resultado – saiu de 0,545 para 0,543 pontos na passagem de 2018 para 2019. Embora o extrato mais rico tenha registrado um ganho de renda três vezes maior que o do extrato mais pobre, houve melhora nos extratos medianos da população, justificou o IBGE.

“Acho que está relativamente estável, acompanhando a tendência do mercado de trabalho. Tem um pouco de ganho dos mais pobres, e um pouco de ganho dos rendimentos mais altos”, opinou Alessandra Scalioni Brito, analista do IBGE.

O rendimento médio mensal real domiciliar per capita foi de R$ 1 406 na média do País, descendo abaixo do salário mínimo no Norte (R$ 872) e Nordeste (R$ 884), mas alcançando o dobro desse valor no Sudeste, R$ 1.720.

A massa de renda domiciliar obtida de todas as fontes totalizou R$ 294,396 bilhões em 2019, também distribuída de forma desigual A parcela dos 10% dos brasileiros os menores rendimentos detinha 0,8% dessa riqueza, enquanto os 10% mais ricos concentravam 42,9% dela.

“Há uma concentração muito grande, com 10% dos domicílios mais ricos pegando quase metade da renda do País”, observou Alessandra.

Nordeste aprofunda desigualdade, diz IBGE; Norte tem perda generalizada de renda

A concentração de riqueza aumentou na região Nordeste no ano passado. Ao mesmo tempo, a região Norte registrou melhora na desigualdade, mas em consequência de um fenômeno negativo, houve perda generalizada de renda em todas as faixas de população, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados são referentes à renda média real domiciliar per capita de 2019, apurada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: Rendimento de todas as fontes 2019.

O rendimento médio mensal real domiciliar per capita obtido de todas as fontes não alcançava o salário mínimo nem no Norte (R$ 872), nem no Nordeste (R$ 884), embora suba ao dobro desse valor no Sudeste, R$ 1.720. Na média nacional, a renda média domiciliar per capita de todas as fontes foi de R$ 1.406 em 2019

A renda per capita da Região Nordeste teve o maior crescimento entre as regiões brasileiras no ano de 2019, 4,5%, mas puxada pelos ganhos dos mais ricos. Os pobres ficaram ainda mais miseráveis.

Na região Nordeste, metade da população sobrevivia com apenas R$ 261 mensais. Os 10% mais pobres contavam com R$ 57 por mês para sobreviver, menos de R$ 2 por dia, uma queda de 5,0% em relação ao dinheiro disponível no ano anterior. Por outro lado, a fatia 1% mais rica da população local recebeu R$ 11.800, um salto de 14,9% na renda dessas famílias em apenas um ano.

Como consequência, o Índice de Gini da renda domiciliar per capita subiu de 0,545 para 0,559 entre 2018 e 2019 no Nordeste. O Índice de Gini é um indicador que mede a desigualdade numa escala de 0 a 1, sendo maior a concentração de renda quanto mais próximo de 1 for o resultado.

Na passagem de 2018 para 2019, a Região Norte teve redução de 5,3% no rendimento médio domiciliar per capita. Houve perda de poder aquisitivo em todas as faixas de rendimentos, especialmente entre os mais ricos. O Índice de Gini local desceu de 0,551 em 2018 para 0,537 em 2019.

Ainda assim, a fatia 1% mais rica recebia R$ 9.937 mensais, contra apenas R$ 73 obtidos pelos 10% mais pobres. Metade dos moradores da região Norte do País sobreviviam com R$ 273 mensais no ano passado.

Na média nacional, o Gini teve ligeira redução, de 0,545 em 2018 para 0,543 em 2019. O Índice de Gini da região Sudeste diminuiu de 0,533 em 2018 para 0,527 em 2019. No Sul, o Gini reduziu de 0,473 para 0,467. No Centro-Oeste, o Gini passou de 0,513 para 0,507.

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