A Alemanha entrou tecnicamente em recessão no primeiro trimestre de 2020, com uma queda de 2,2% do PIB, devido ao novo coronavírus – anunciou o escritório federal de estatística Destatis nesta sexta-feira (15).

A economia alemã registrou dois trimestres consecutivos com retrocesso do PIB. O instituto Destatis estima que, no quarto trimestre de 2019, o PIB alemão se situou em -0,1%.

Ainda conforme o Destatis, a economia alemã registra “seus piores resultados desde a crise econômica” de 2008/2009 e “seu segundo pior resultado desde a reunificação” em 1990.

As medidas para conter a pandemia começaram no início de março, sugerindo resultados ainda mais negativos no segundo trimestre.

“Agora sabemos oficialmente o que custa um confinamento: em torno de 1%-2% (do PIB) por semana”, comentou Jens-Oliver Niklash, economista da LBBW.

“E é apenas o começo”, resumiu o economista Carsten Brzeski, do banco ING, que também prevê um segundo trimestre nefasto.

“As consequências da pandemia neste trimestre são graves”, disse Albert Braakman, do Destatis, à imprensa.

Em ritmo anual, o PIB caiu 2,3%, de acordo com os dados corrigidos, ou seja, é a queda mais grave desde o segundo trimestre de 2009, no momento mais forte da crise financeira.

Para o segundo trimestre deste ano, os especialistas estimam que o PIB alemão possa cair 10% ao ano, algo nunca visto em 50 anos.

– Forte impacto

Como a maioria dos países europeus, a economia alemã sofreu um impacto forte e complexo, devido à pandemia. O confinamento paralisou vários setores, reduziu as trocas comerciais e reduziu o consumo.

Em 2020, a queda será de 6,3%, segundo cálculos do governo, ou seja, o pior resultado desde 1970.

Pilar do modelo econômico alemão, a indústria exportadora sofre especialmente após já ter sido atingida em 2019 pelas tensões comerciais e pelas preocupações derivadas do Brexit.

Em março, a produção industrial caiu 9,2% em um mês, algo que não se via desde 1991, apontou o Destatis.

O setor automotivo está arrasado. O emplacamento de veículos despencou 37,7% em março, em números anuais. Em abril, a Alemanha produziu 97% a menos automóveis do que há um ano.

Também foram afetados os conglomerados industriais. Thyssenkrupp e Siemens, por exemplo, registraram queda da demanda de vários setores.

A companhia aérea alemã Lufthansa perde, atualmente, 1 milhão de euros “por hora”, em consequência do tráfego aéreo, enquanto o líder mundial do turismo TUI pretende cortar 8.000 vagas.

– Acelerar a recuperação –

Com a reabertura de lojas e locais públicos em maio, o objetivo agora é acelerar a recuperação econômica.

Berlim acredita que isso ocorrerá em 2021, com um crescimento esperado de 5,2%, e espera retornar em 2022 aos níveis de produção em 2019.

“A Alemanha emergirá da crise mais rápida e eficazmente do que outros países”, pois gastou “mais dinheiro para salvar sua economia” e foi “menos afetada” pelo vírus, avalia Brzeski.

Para lidar com a crise, Berlim abriu mão do rigor orçamentário e adotou um ambicioso plano de garantias públicas de empréstimos e ajudas diretas às empresas, com um volume total de 1,1 trilhão de euros (1,2 trilhão de dólares).

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